"As discussões sobre discriminação sexual são extremamente importantes, pois estamos falando da luta diária em busca da humanização das relações interpessoais. É um assunto que deveria permear toda a sociedade e estar presente nas mesas de reuniões de qualquer organização que busca um ponto inicial para promover mudanças e continuar prosperando nos negócios”, incentiva André Benito, Consultor Sênior de Marketing, Digital e Varejo na Page Personnel. 

LGBTQIA+ é a sigla de um movimento político e social de inclusão e respeito às pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexo, assexuais e todas as possibilidades de orientação sexual e identidade de gênero que existam.
A diversidade dentro das empresas

“Vivemos em uma sociedade que ainda têm muito o que aprender quando o assunto é a convivência com o diferente do padrão pré-estabelecido. Felizmente existem muitas empresas que abordam o assunto com responsabilidade e promovem iniciativas com objetivo de mudança. Estamos diante de um processo de amadurecimento”, diz Benito.

Há cada vez mais organizações tratando do tema com profundidade da porta para dentro e para fora, posicionando-se perante as causas LGBTQIA+ e estabelecendo diversidade e inclusão como parte da proposta de valor da marca empregadora. Políticas claras de diversidade e inclusão contribuem com um enriquecimento cultural para a empresa, estimulando relações humanas baseadas no respeito ao outro e na valorização das diferenças. Empresas que promovem uma cultura diversa e inclusiva têm melhores resultados de performance, pois diminuem os conflitos que tendem a atrapalhar a produtividade, além de estarem mais propensas à inovação pois pessoas diferentes agregam experiências e visões de mundo plurais.

“Acolha a diversidade pelos motivos que preferir: humanitários, fraternais, sociais, políticos ou econômicos. Mas não deixe de acolhê-la. A diversidade é essencial para a inovação e para um futuro abundante” - Beia Carvalho, futurista e especialista em inovação.

Uma pesquisa realizada pelo Great Place to Work em 2019 mostrou que 89% das pessoas se sentem à vontade para serem elas mesmas no ambiente de trabalho. “Acredito que o mundo seja um lugar melhor, mais honesto e mais bonito quando temos todas as oportunidades de sermos nós mesmos. Ser gay não é uma limitação, é uma característica”, disse Tim Cook, CEO da Apple que assumiu publicamente sua homossexualidade em 2014.

O berço da diversidade é o RH, mas são as lideranças, as equipes e os processos que a fazem amadurecer dentro da companhia. A promoção de políticas inclusivas e a construção de uma cultura organizacional diversa partem de ações de sensibilização e conscientização, passando por ajustes nos modelos de gestão e trabalho, treinamentos, metas de contratação e promoção como mecanismos de mudança e combate ao preconceito, discriminação oculta e vieses inconscientes.

Na prática no mercado de trabalho 

Apesar dos avanços, muitos profissionais LGBTQIA+ ainda têm dúvidas se devem ou não se candidatar quando ouvem dizer que determinada empresa ainda não possui uma cultura de diversidade estabelecida, ou sentem-se inseguros em qualquer processo seletivo por acharem que essa questão possa ser um problema. “Para muitas pessoas falta coragem para enfrentar o preconceito da sociedade, mas é preciso superar o estereótipo, dar continuidade a uma vida social, estudar e trabalhar", conta Raquel Teodosio, profissional transsexual que trabalha na divisão Page PCD. Raquel, que fez sua transição há 18 anos, foi contratada pelo PageGroup Brasil depois do primeiro Pride Lab, evento realizado no ano passado para conectar profissionais transsexuais a empresas.

Diante das dúvidas dos profissionais LGBTQIA+, Benito esclarece que “como consultores de recrutamento, não podemos excluir um candidato de maneira alguma porque a empresa não tem uma política de diversidade, mas temos a sensibilidade de jamais colocar o profissional em qualquer situação constrangedora”. 

“Vamos sempre blindar o profissional para que ele não passe por coisas que não façam sentido. Mas o candidato pode se sair muito bem na empresa por suas competências e habilidades ainda que lá não tenha uma política inclusiva clara. Basta estarmos bem alinhados com as expectativas do candidato e da empresa cliente, mitigando riscos e quebrando barreiras”, explica Benito.

“É possível que o candidato LGBTQIA+ seja um agente de mudanças internas, uma oportunidade para a empresa mudar seus conceitos e valorizar o diferente. Não só as empresas têm obrigação de abrir as portas para a diversidade, mas também o candidato entender que ele faz parte desse processo”, incentiva Benito.


O candidato LGBTQIA+ no processo seletivo

A proximidade do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ é uma grande oportunidade para serem endereçadas as dores que muitos destes profissionais enfrentam no mercado de trabalho. “Eles sofrem com a preocupação de serem aceitos nos processos seletivos ou tratados com dignidade durante uma entrevista de emprego”, conta Benito. 

“Nem todos os candidatos são tão abertos para falarem sobre sua orientação sexual, estrutura familiar e processos de identidade de gênero”, lembra Benito.

Por isso, os consultores de recrutamento da Page têm habilidades para deixar o candidato confortável na hora da entrevista, além de prepará-lo para outras etapas conforme o processo seletivo avance dentro das empresas.

Questionado sobre dicas que poderia dar aos candidatos, Benito recomenda que o profissional:

  • Tenha consciência si próprio e da forma como se expressa. Isso dará segurança dentro da sala de entrevista. 
  • Saiba quais são suas expectativas e aspirações, onde quer chegar e como vai fazer isso. Assim poderá avaliar melhor se irá corresponder à oportunidade e se o desafio fará sentido para sua vida e carreira.
  • Pesquise sobre a cultura de empresa, não só sobre políticas de diversidade e inclusão, mas em todos os aspectos que seriam compatíveis com o que busca e deseja.
  • Entenda quem é seu interlocutor na entrevista e no processo seletivo.
  • Avalie o ambiente em que a entrevista acontecerá e como se vê dentro dele.
  • Demonstre o que pode fazer pela empresa com base em suas competências, habilidades e experiências.
  • Seja sempre transparente, jamais minta ou omita qualquer informação. Tudo é crucial na hora de avaliar a compatibilidade do perfil do profissional, da vaga e da empresa.

“Tudo isso é importante para mostrar quem o candidato realmente é e o que pode fazer pela empresa. Ter segurança de si ajuda a se colocar no lugar certo. Querer muito uma oportunidade, independentemente das motivações, fortalece e traz o brilho nos olhos que muitos recrutadores buscam. No fim das contas, os candidatos devem ser selecionados por suas competências técnicas e comportamentais, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero”, finaliza Benito.

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